NÓS SOMOS MALALA

NÓS SOMOS MALALA

Foto: Rovena Rosa

Malala nasceu no dia 12 de julho de 1997, na cidade de Mingora, no Paquistão. Ela ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2014, aos 17 anos, tornando-se a pessoa mais jovem a receber esse prêmio. No discurso, Malala dedicou o prêmio a todas as garotas que não podem ir à escola. Como uma adolescente de 17 anos chegou ao Prêmio Nobel?

Tudo começou quando Malala tinha 11 anos e a BBC — uma organização britânica de notícias — procurou uma estudante paquistanesa para escrever a respeito da vivência dela sob um governo extremista. A princípio, a organização procurou o pai de Malala, por ele ser professor, mas perguntaram se ela gostaria de fazer isso. Eles sabiam que seria perigoso, porém, Malala insistiu em fazer. “Por que não eu?”, perguntou. Ela queria se pronunciar não só em seu nome, mas de todas as meninas da sua cidade (SCHATZ, 2017).

A BBC publicou em seu site o diário escrito por Malala durante dez semanas e o mundo todo leu sua história. Diante disso, Malala ganhou admiração e respeito, mas se tornou um alvo do grupo terrorista conhecido como Talibã. O diário era publicado sob o nome “Gul Makai”, entretanto, a identidade de Malala foi descoberta. Ela tinha apenas 14 anos e não seria silenciada, o que fez com que os homens adultos — que controlavam a cidade onde ela morava — ficassem apavorados. O Talibã acredita que mulheres não devem ter direitos, assim, eles destroem escolas e atacam meninas que querem aprender (SCHATZ, 2017).

Nessas circunstâncias, o Talibã ordenou o assassinato de Malala: eles a encontraram em um ônibus escolar e atiraram em sua cabeça. Ninguém acreditava que ela sobreviveria e, se não morresse, os médicos esperavam que ela não conseguisse mais falar, ler e andar. No entanto, a recuperação de Malala foi rápida e isso só a deixou mais disposta e mais forte (SCHATZ, 2017).

O primeiro discurso de Malala em público, após o atentado que sofreu, foi realizado na ONU no dia 12 de julho de 2013. Em sua fala, ela declara:

“O Talibã atirou no lado esquerdo da minha testa. Eles atiraram nas minhas amigas também. Pensaram que as balas nos silenciariam, mas falharam. E desse silêncio surgiram milhares de vozes. Os terroristas pensaram que mudariam minhas metas e deteriam minhas ambições. Mas nada mudou na minha vida a não ser isto: a fraqueza, medo e desgraça morreram. A força, o poder e a coragem nasceram […] Estou aqui para falar em nome do direito à educação de todas as crianças”.

Malala é uma sobrevivente do ódio e da violência. Ela não se permitiu ser dominada pelo medo e muito menos deixou de falar sobre os seus princípios depois de sofrer o atentado. A Malala se recuperou e continua sua luta porque acredita no poder da educação para todas e todos. No final do seu discurso na ONU, ela afirma:

“Assim, travaremos uma batalha gloriosa contra o analfabetismo, a pobreza e o terrorismo, vamos levar nossos livros e lápis que são as nossas armas mais poderosas. Uma criança, um professor, um livro e um lápis podem mudar o mundo. Educação é a única solução. Educação em primeiro lugar”.

Após o ataque, o mundo ficou indignado e Malala recebeu publicidade, isso a possibilitou de falar acerca do que é mais relevante em sua opinião: a educação e a paz. Malala também escreveu um livro que se tornou campeão de vendas: Eu sou Malala. E sua organização, The Malala Fund, está construindo escolas no mundo todo (SCHATZ, 2017).

Algumas pessoas chamam Malala de “a garota mais corajosa do mundo”. Isso porque ela sobreviveu ao ataque e não se calou, mas também por ela ter desafiado o uso de drones americanos em ataques que tiram a vida de pessoas inocentes no Paquistão quando conheceu o ex-presidente estadunidense Barack Obama. Malala solicitou aos líderes mundiais investimento não em bombas, mas em livros (SCHATZ, 2017).

Malala usa sua voz para lutar, voz essa que é uma arma verdadeiramente poderosa. No seu discurso na ONU, ela diz: “Percebemos a importância da nossa voz quando somos silenciados. Da mesma forma, quando estávamos em Swat, no norte do Paquistão, percebemos a importância de lápis e livros quando vimos as armas […]. O poder da educação os assusta. Estão com medo das mulheres. O poder da voz das mulheres os assusta […]. E é por isso que estão explodindo escolas a cada dia, porque estavam e estão assustados com a mudança e igualdade que vamos trazer para a nossa sociedade […] a paz é necessária para a educação.”

Portanto, a história de Malala traz uma lição importante: nossa voz é poderosa, não vamos deixar que ninguém nos silencie, que nada possa tirar nossa coragem de lutar pelo o que acreditamos, de lutar por mais liberdade, igualdade e inclusão. As pessoas que possuem o poder e oprimem o povo têm medo da luta em prol de mais igualdade. Que possamos lutar usando o que temos de mais poderoso: nossa voz.

REFERÊNCIA

SCHATZ, Kate. Mulheres Incríveis: artistas e atletas, piratas e punks, militantes e outras revolucionárias que moldaram a história do mundo. Bauru: Astral Cultural, 2017.

Thaynara dos Santos

Formada em Relações Internacionais pela Universidade Católica de Brasília. Apaixonada pela área de Direitos Humanos das mulheres.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *