A ECONOMIA MUNDIAL E OS BANCOS CENTRAIS

A ECONOMIA MUNDIAL E OS BANCOS CENTRAIS

BANCO CENTRAL?

Até chegar na forma como é conhecido hoje, o dinheiro passou por diversas modificações. No início da civilização, o comércio se dava através da troca de mercadorias, isto é, o escambo. A partir do século VII a.C. surgiram as primeiras moedas feitas de ouro e prata que se tornaram artigo central em algumas sociedades. Com isso, apareceram novas necessidades, como um órgão regulador e administrador do dinheiro em cada país, surgindo assim o Banco Central (BATISTA, c2023).

Também chamado de “Banco dos Bancos”, é o órgão responsável pela gestão da política econômica, incluindo controlar a inflação, estabilizar o poder de compra da moeda do seu país e ter uma visão macro do sistema financeiro. Além disso, ele também determina regras às instituições financeiras do país, tendo autonomia para interferir ou não no mercado financeiro.

A partir da situação política de cada país, alguns Bancos Centrais têm mais poder e impacto mundial do que outros. O primeiro a ser criado foi o Banco Central da Inglaterra, em 1694, como uma sociedade anônima privada, mas em 1946, a partir do crescimento de sua importância, a instituição foi estatizada. Já um banco que muitos especialistas consideram com maior influência mundial é o Federal Reserve (FED), Banco Central dos Estados Unidos fundado em 1913. Um outro banco de extrema importância é o Banco Central Europeu, fundado em 1998 em Frankfurt¹, na Alemanha, e responsável pela Zona do Euro (Confidence Câmbio, 2020).

PANDEMIA E DESALINHAMENTO

A partir da pandemia da Covid-19, caminhos diferentes foram tomados ao redor do mundo para tentar conter a crise da melhor maneira. Assim, em relação às decisões dos bancos centrais, isso não foi diferente, com todos pensando em como controlar a inflação alta e os obstáculos nas cadeias de abastecimento internacional.

 Além disso, os diferentes caminhos evidenciam o impacto desigual da pandemia até mesmo nas principais economias mundiais. O Reino Unido, por exemplo, foi a primeira economia do G7 a aumentar as taxas de juros (desde o início da pandemia). Já o Federal Reserve (banco central norte-americano) sinalizou planos de aperto monetário, mas o chair Jerome Powell previu que os Estados Unidos estavam caminhando para o pleno emprego. Por outro lado, o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juros. Acostumados com uma inflação até abaixo da meta na maior parte da década passada, sinalizaram que qualquer mudança de política monetária ultra-acomodatícia seria lenta. 

Tendo essas questões em vista é possível notar que, a partir de um mesmo evento, decisões diferentes foram tomadas apesar das três instituições exemplos serem de países desenvolvidos e com grande impacto mundial. Os bancos centrais agem pensando numa visão macro e percebendo a situação mundial (tendo em vista que grande parte das medidas irão reverberar no poder político do país), mas também olham para a situação interna de cada um e suas peculiaridades e realidades, decidindo o melhor caminho mesclando o externo e o interno.

SITUAÇÃO ATUAL

Com a continuação da inflação alta, os formuladores de políticas estão longe de declarar vitória nessa guerra. Tanto nos EUA quanto na Europa, a inflação subjacente ainda está em torno de 5% (ou mais), apesar dos preços de energia e alimento estarem caindo, além do crescimento salarial estabilizar-se em níveis elevados. O crescimento diminuiu nos países da União Europeia, que entrou em recessão técnica, mas ainda sim o bloco criou quase um milhão de novos empregos nos primeiros três meses do ano.

Toda essa situação coloca os principais bancos centrais em um momento delicado. É necessário que decidam se a inflação está estagnada muito acima da meta (2%), o que exigiria taxas de juros muito mais altas, ou se o declínio da mesma está apenas atrasado. O Federal Reserve, no meio do mês passado, manteve as taxas de juros estáveis, mas já sinalizou mais dois aumentos esse ano, o que pode levar as taxas dos EUA a maior alta em 22 anos, pois de acordo com o Fed a inflação de preços nos principais serviços “permanece elevada e não mostra sinais de flexibilização”.

O Banco Central Europeu também aumentou as taxas de juros em junho e indicou que iria continuar elevando-as até o verão. Já o Banco da Inglaterra pareceu estar disposto a interromper a longa série de aumentos da taxa, mas agora tem-se esperado um aumento na sua taxa básica de juros, por conta do crescimento dos salários e dos preços ao consumidor ainda se mostrarem consistentes. 

Além disso, há outras considerações e estas sugerem que a inflação pode continuar rígida. Autoridades do Fed acreditam que a economia está sendo atingida mais rapidamente pelas taxas de juros do que no passado, significando que aumentos anteriores provavelmente já funcionaram no sistema (e por isso, ainda mais são necessários). Essa mudança de velocidade acontece porque os banqueiros centrais agora declaram claramente o que estão fazendo e o que pretendem fazer no futuro, o que permite que os investidores reajam imediatamente (WALLER, 2023).  

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do exposto acima é possível notar que os Bancos Centrais são extremamente importantes e necessários para garantirem que o Sistema Financeiro atue de forma eficiente, seja ele nacional ou mundial. Além disso, eles são tão influenciados quanto influenciam e modificam a situação econômica do momento e as decisões dos agentes. Assim, apesar dos Bancos Centrais mais influentes normalmente tomarem medidas parecidas, nota-se que nem sempre isso será realidade, dependendo do que cada um almeja no presente e no futuro.

NOTAS

[1] A sede do Banco Central é em Frankfurt porque a base do euro foi o marco alemão, além da Alemanha ser o país com mais influência na política monetária europeia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONFIDENCE CÂMBIO. Banco Central: função, autonomia e importância. Travelex Bank. 2020. Disponível em: https://www.travelexbank.com.br/blog/banco-central-funcao-autonomia-e-importancia/#:~:text=Primeiro%20Banco%20Central%20do%20mundo,import%C3%A2ncia%2C%20a%20institui%C3%A7%C3%A3o%20foi%20estatizada. Acesso em: 14 jul. 2023. 

BATISTA, Rafael. Como surgiu o dinheiro? Mundo Educação. c2023. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/curiosidades/como-surgiu-dinheiro.htm. Acesso em: 14 jul. 2023.

Principais bancos centrais do mundo escolhem caminhos diferentes para retirada de estímulos. Forbes. 2021. Disponível em: https://forbes.com.br/forbes-money/2021/12/principais-bancos-centrais-do-mundo-escolhem-caminhos-diferentes-para-retirada-de-estimulos/. Acesso em: 17 jul. 2023.

ESTADÃO CONTEÚDO. Com inflação surpreendentemente alta, bancos centrais do mundo todo ainda não sabem como agir. InfoMoney. 2023. Disponível em:  https://www.infomoney.com.br/economia/com-inflacao-surpreendentemente-alta-bancos-centrais-do-mundo-todo-ainda-nao-sabem-como-agir/amp/. Acesso em: 17 jul. 2023.

Banco Central: conheça a importância do Bacen e como ele funciona. Exame Invest. 2022. Disponível em: https://exame.com/invest/guia/banco-central-conheca-a-importancia-do-bacen-e-como-ele-funciona/. Acesso em 22 jul. 2023.

Maya Fernandes Freitas

Nascida e criada em São Paulo e graduanda em Ciências Econômicas pela UFSCar. Tudo que envolve o entendimento de problemas sociais e como superá-los me interessa. Além disso, apaixonada por literatura e esportes.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *