Resenha “O Caçador de Pipas”, de Khaled Hosseini

Resenha “O Caçador de Pipas”, de Khaled Hosseini

Contextualização

O Caçador de Pipas é uma ficção histórica que se passa no Afeganistão e nos Estados Unidos, da década de 1970 até a de 1990. A obra se tornou uma das maiores publicações mundiais desde o seu lançamento, e não consigo escrever todos os elogios que tenho para a narrativa.

A República Islâmica do Afeganistão é um país localizado no centro da Ásia. Já falei um pouco sobre esta nação aqui no site, mas deixo o trecho da publicação a seguir, para facilitar a leitura: “[…] Ele [Afeganistão] esteve sob controle britânico até 1919, além de ter passado por uma revolução marxista e pelo controle da União Soviética durante o fim da década de 70. Como resultado da invasão, padeceu com um conflito que causou mais de um milhão de mortes […]”.

O tempo pode ser uma coisa bem voraz, às vezes se apodera de todos os detalhes só para si mesmo.

O Caçador de Pipas.

Divisão

Três partes principais dividem a história: os momentos da infância do protagonista Amir no Afeganistão, antes da chegada do Talibã; seu refúgio nos Estados Unidos por causa do conflito; e sua volta ao país de origem por razões de um comprometimento passado.

A primeira parte da narrativa é marcada por um acontecimento que aflige Amir da pior forma possível: seu melhor amigo, Hassan, é submetido a uma situação que lhe destrói. Amir não consegue superar a ideia de que permitiu algo assim acontecer com alguém tão próximo e começa a renegá-lo. A fuga de Amir aos EUA compõe a segunda parte da história. Ele deixa para trás a guerra, Hassan e seus fracassos. Dessa maneira, pretende começar uma nova vida.

Desenvolvimento do personagem

Poderia ter sido diferente se eu tivesse dito alguma coisa naquela hora. Mas não disse.

[…] Descobri que não é verdade o que dizem a respeito do passado, essa história de que podemos enterrá-lo. Porque, de um jeito ou de outro, ele consegue escapar.

O Caçador de Pipas.

O autor não falha quando desenvolve a personalidade do protagonista. Os defeitos, os traços ruins, nos deixam inclinados a repudiá-lo, porém nos compadecemos do garoto. Não por empatia, mas por pena. E esse sentimento acompanha toda a narrativa até o momento final: a volta de Amir para o Afeganistão.

Ele finalmente busca resolver seus antigos fracassos, e isso compensa todo o mal que deixou de denunciar. Seu arco de desenvolvimento se completa de uma forma surpreendente, que toca até o mais duro dos corações, e o leitor finalmente consegue perdoá-lo. A busca por justiça e por realização dão coragem ao protagonista e o fazem mais humano.

Ela disse:

— Estou com tanto medo…

E eu perguntei:

— Por quê?

Aí ela respondeu:

— Porque estou me sentindo profundamente feliz, dr. Rasul. E uma felicidade assim é assustadora.

Voltei a perguntar por quê, e ela prosseguiu:

— Só permitem que alguém seja assim tão feliz se estão se preparando para lhe tirar algo.

O Caçador de Pipas.

Conclusão

Finalmente, o livro é uma obra que marca o leitor para sempre. Cada palavra do autor é profundamente pensada e refletida, cada acontecimento tem consequências e nada parece passar despercebido. Além disso, o pano de fundo também é bem trabalhado: toda a questão do Talibã no Afeganistão, a religião islâmica, imigração, denúncia de crimes, regime de adoção, situação de crianças na guerra, suicídio… O que não falta na história é profundidade. De fato, um dos melhores livros contemporâneos já lançados.

Talita Soares

Formada em RI pela UFG, leitora nas horas vagas.

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