WANGARI MAATHAI

WANGARI MAATHAI

Foto: John McConnico

Para complementar o 2N Mulheres, resolvi trazer uma variedade de temas com o intuito de mostrar outras histórias e outras lutas protagonizadas por mulheres ao redor do mundo. Nesta coluna, teremos a história da ativista política do meio ambiente Wangari Maathai, uma mulher africana que liderou um movimento em prol da proteção do meio ambiente. A coluna terá como referência o livro Mulheres Incríveis, de Kate Schatz.

Wangari Maathai costumava contar uma fábula sobre um beija-flor que tentava apagar o fogo, que estava destruindo uma floresta, correndo até um riacho tomando gotas de água e voltando até o fogo para tentar apagá-lo. O beija-flor fez isso várias vezes e os outros animais disseram que não adiantaria e o beija-flor respondeu que estava fazendo o melhor que podia. A atitude do beija-flor era pequena diante de uma floresta ardendo em chamas, mas ele acreditava que fazer algo era melhor do que não fazer nada. Diante dessa história, Wangari incentivava as pessoas a serem o beija-flor e se esforçarem para fazer alguma coisa para resolver as questões do mundo, mesmo que a ação parecesse pequena. Cada pequena ação vale, a mudança ocorre através de uma coleção de pequenas ações.

Wangari nasceu no dia 1º abril em Nyeri, Quênia, e viveu em um vilarejo com florestas, riachos e animais. Ela teve uma infância tranquila e se dedicava muito aos estudos, por isso era uma das melhores da turma. No final do seu ensino médio, Wangari ganhou uma bolsa de estudos em uma universidade americana. Com a dedicação nos estudos, Wangari Maathai tornou-se a primeira mulher do leste africano a possuir um doutorado.

Logo após a conclusão dos estudos, Wangari voltou para o Quênia e se tornou professora. Também foi ativista em organizações ambientais e em organizações internacionais em benefício dos Direitos Humanos das mulheres. Depois desse retorno ao seu país, Wangari percebeu que o Quênia já não era mais como o de sua infância, a população havia crescido e as árvores estavam sendo cortadas. Além disso, o desemprego, a pobreza e a desnutrição estavam aumentando, e Maathai considerava que uma das principais causas era a destruição do meio ambiente. A população mais atingida por essa situação desfavorável eram as mulheres, pois elas eram as principais cuidadoras e possuíam muita responsabilidade em questões relacionadas à natureza, como plantar comida, lavrar a terra e alimentar as famílias.

Dessa forma, Wangari percebeu que o seu país estava à beira da ruína. Assim, ela começou o Green Belt Movement, uma iniciativa criada para dar poder às mulheres locais e ajudá-las a plantar e cultivar árvores para substituir as que estavam sendo cortadas. As mulheres aprendiam com Wangari:

como encontrar sementes, cultivar mudas, plantar e cuidar das árvores. Juntas, elas criaram berçários de árvores, e as mulheres ganharam dinheiro fazendo esse trabalho, conquistaram habilidades profissionais e ajudaram o meio-ambiente. Mais árvores significavam menos erosão do solo, o que queria dizer também água mais limpa (SCHATZ, 2017, p. 35).

Nessa conjuntura, através do seu trabalho com o meio ambiente, Wangari percebia que a saúde ambiental de um país está ligada à saúde do seu povo. A iniciativa do Green Belt Movement cresceu além das expectativas e, em 2004, mais de 30 milhões de árvores haviam sido plantadas por centenas de pessoas no Quênia. “O Green Belt Movement estabeleceu uma ‘rede verde’ para compartilhar seu trabalho com outras organizações por toda a África” (SCHATZ, 2017, p. 36).

Além disso, o Green Belt Movement também encorajava as pessoas a reivindicarem os seus direitos e os do meio ambiente e a realizar pressão por reforma política. No ano de 1989, Wangari e seus companheiros foram contra o presidente do Quênia, Daniel arap Moi, e seu projeto de construir um prédio comercial no Uhuru Park. Porém, seu ativismo enfureceu algumas pessoas vinculadas ao projeto. Devido a isso, o presidente do Quênia disse que:

ela [Wangari] devia agir como uma mulher africana direita, “respeitar os homens e calar a boca”. Os protestos dela atraíram tanta atenção da imprensa que o projeto foi cancelado. Wangari teve sucesso, mas também irritou muitos políticos. Como costuma acontecer com mulheres francas e poderosas, Wangari era, muitas vezes, chamada pelos críticos de “maluca” (SCHATZ, 2017, p. 36).

Wangari continuou a ampliar o Green Belt Movement defendendo a sustentabilidade ambiental, a paz e a democracia. Em consequência de sua luta, ela ganhou muitos prêmios internacionais. Mas por ser considerada uma ameaça aos homens poderosos do Quênia, Wangari foi presa e até surrada. Só que nada a fez recuar e, como a história do beija-flor, ela continuou fazendo o que considerava certo e justo, sem desistir.

Nessa perspectiva, Wangari foi, em 2003, Ministra Assistente no Ministério de Meio-Ambiente e Recursos Naturais do Quênia. E, em 2004, ela ganhou o Prêmio Nobel da Paz e fez história, pois foi a primeira ambientalista e primeira mulher africana a ganhar este prêmio. Na conquista do prêmio, o comitê elogiou a “contribuição dela ao desenvolvimento sustentável, à democracia e à paz” (SCHATZ, 2017, p. 36).

Portanto, a luta de Wangari Maathai deixa uma lição: “se queremos cuidar dos humanos, também temos que cuidar da terra” (SCHATZ, 2017, p. 36). Assim, desde o século XX Wangari luta pela preservação ambiental e, hoje, percebemos o quanto é necessário o cuidado com o nosso meio ambiente: para a construção de um futuro sustentável para as próximas gerações.

Por fim, Wangari faleceu em 2011, mas sua família e o Green Belt Movement instituíram a Fundação Wangari Maathai, com o objetivo de incentivar jovens líderes e de continuar o seu legado.

REFERÊNCIA:

SCHATZ, Kate. Mulheres Incríveis: artistas e atletas, piratas e punks, militantes e outras revolucionárias que moldaram a história do mundo. Bauru: Astral Cultural, 2017.

Foto: Estilo MLA: Wangari Maathai – Galeria de fotos. NobelPrize.org. Nobel Media AB 2021. Sun. 9 de maio de 2021. <https://www.nobelprize.org/prizes/peace/2004/maathai/photo-gallery/>

Thaynara dos Santos

Formada em Relações Internacionais pela Universidade Católica de Brasília. Apaixonada pela área de Direitos Humanos das mulheres.

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